TEMA: Rumo à Terra Prometida — A
peregrinação do povo de Deus no deserto no livro de Números
COMENTARISTA: Reynaldo Odilo Martins
Soares
- L I Ç Ã O 1 -
6 de Janeiro de 2019
O LIVRO DE NÚMEROS
CAMINHANDO COM DEUS
NO DESERTO
TEXTO DO DIA
“Ora, tudo isso lhes sobreveio
como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os
fins dos séculos” (1Co 10.11).
SÍNTESE
A peregrinação dos hebreus pelo
deserto, rumo à Canaã, por aproximadamente 40 anos, revela lições importantes
para a igreja da atualidade.
TEXTO BÍBLICO
1 Coríntios 10.1-11
1 Ora, irmãos, não
quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos
passaram pelo mar,
2 e todos foram
batizados em Moisés, na nuvem e no mar,
3 e todos comeram de
um mesmo manjar espiritual,
4 e beberam todos de
uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e
a pedra era Cristo.
5 Mas Deus não se
agradou da maior parte deles, pelo que foram prostrados no deserto.
6 E essas coisas
foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles
cobiçaram.
7 Não vos façais,
pois, idólatras, como alguns deles; conforme está escrito: O povo assentou-se a
comer e a beber e levantou-se para folgar.
8 E não nos prostituamos,
como alguns deles fizeram e caíram num dia vinte e três mil.
9 E não tentemos a
Cristo, como alguns deles também tentaram e pereceram pelas serpentes.
10 E não murmureis, como também
alguns deles murmuraram e pereceram pelo destruidor,
11 Ora, tudo isso lhes
sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são
chegados os fins dos séculos.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
“Com a ida da família de Jacó para
o país mais rico da época, a fim de escapar da fome, os hebreus prosperaram
grandemente. A prosperidade do povo de Deus, no Egito, fez com que ele passasse
a ser considerado uma ameaça social e política. Os hebreus tornaram-se escravos
e sofreram muito debaixo do jugo de Faraó. Mas Deus, por intermédio de Moisés,
libertou os israelitas da escravidão e, após a travessia do mar, guiou-os pelo
deserto, rumo à Terra Prometida. Entretanto, primeiro, era necessário passarem
pelo Sinai, para que recebessem a Lei, pois precisavam de parâmetros civis,
morais e espirituais para se estabelecerem como uma nação. Depois de caminharem
pelo deserto por cerca de 40 anos, quando toda aquela geração adulta que
houvera sido escravizada morreu, eles chegaram ao seu destino final.
Diferentemente de outros povos, os hebreus não sucumbiram diante de Faraó e das
muitas aflições do deserto. Deus queria preservá-Los para si, pois havia
prometido que, deles, descenderia o Salvador do mundo.” [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- A Terra de Gosén,
nordeste do Egito, delta do Nilo, região fértil e propícia ao pastoreio –
atividade repudiada pelos egípcios. Hebrom, onde habitava Jacó, experimenta
grande fome que durou sete anos – esta situação força a família descer para o
Egito a convite de José. Governava o Egito a dinastia dos reis hicsos, cerca de
1700 a. C. (semíticos, conquistadores asiáticos que assumiram o controle do
país desde a 13ª dinastia). O Faraó Ahmés derrotou os hicsos e fundou a 18ª
dinastia. O Faraó Hatshepsut mudou drasticamente o tratamento respeitoso então
dispensado aos judeus (Êx 1.8-11). Os egípcios os forçaram a construir
cidades-armazéns em Pitom, Ramsés e Heliópolis. Séculos mais tarde, Moisés foi
chamado para liderar os israelitas do Egito, da terra de Ramessés em Gósen para
Sucote, o primeiro ponto de formação do Êxodo. Eles acamparam em 41 locais
atravessando o Delta do Nilo, para a última estação sendo as planícies de Moabe
- este destino já havia sido definido por Deus 400 anos antes. Mesmo com milhões
de pessoas de todas as faixas etárias e com rebanhos grandes, não seria uma
viagem de mais de algumas semanas – durou uma geração. Foi um tempo de castigo
pela dureza de coração, mas também um tempo de preparo para as grandes
conquistas; o povo precisava se fortalecer espiritualmente para confiar em YHWH
diante dos desafios que enfrentariam, então ele conduziu os israelitas ao monte
Sinai, onde teriam um ano de preparo antes de prosseguir para a terra
prometida. Nesse tempo, eles receberam a lei do Senhor, prepararam o
tabernáculo como um tipo de templo móvel e aprenderam sobre o papel dos
sacerdotes e sobre sacrifícios e outros ritos religiosos. Deus estabeleceu
ordem entre esse povo, até definindo a posição de acampamento de cada tribo e a
sequência de saída em caso de batalha. Por quarenta anos, uma geração foi
castigada enquanto a próxima se preparou para receber a herança prometida por
Deus. – That said, let's think maturely the Christian faith!
I. O LIVRO DE NÚMEROS
“1. Números ou “no deserto”. Ao
traduzir o Antigo Testamento para o grego (tradução chamada Septuaginta), um
grupo de setenta sábios denominou o terceiro livro do Pentateuco de “Números”,
por conta dos dois recenseamentos mencionados na obra. Na Bíblia hebraica,
entretanto, o livro tem como titulo “no deserto”, expressão extraída do texto
de Números 1.1 (“Falou mais o SENHOR a Moisés, no deserto”). A maioria dos
fatos, nele narrados, se desenvolveram “no deserto”. As duas titulações possuem
justificativas plausíveis e, sob o prisma da didática, têm grande importância;
por isso, ao longo das lições, ambas serão utilizadas.” [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Os cinco rolos –
Pentateuco – de autoria Mosaica, é a compilação da Lei entregue pro YHWH ao
povo no Sinai. Números é o quarto livro do Pentateuco. Na Tanach – a Bíblia
Hebraica, os livros tomam o nome das primeiras letras (gr Ἀριθμοί, "Arithmoi";
heb: בְּמִדְבַּר, Bəmiḏbar, "No deserto") – Arithmoi “números”
foi adotado pela Bíblia Grega (Septuaginta), provavelmente porque o livro
dedica alguns capítulos a recenseamentos. “Números começa no monte Sinai, onde
os israelitas haviam recebido suas leis e renovado sua aliança com Deus, que
passou a habitar entre eles no Tabernáculo. A próxima missão era tomar posse da
Terra Prometida. A população é contada e preparativos são realizados para
reassumir a marcha até lá. Os israelitas reassumem a jornada, mas logo aparece
um rumor sobre as dificuldades da viagem e questionamentos sobre a autoridade de
Moisés e Aarão. Por causa disto, Deus destrói aproximadamente 15 000 deles
através de formas variadas. Eles chegam até a fronteira de Canaã e enviam
espiões para reconhecer o terreno. Ao ouvir o temeroso relato deles sobre as
condições encontradas, os israelitas se apavoram e desistem de se apoderar do
território. Deus condena-os todos à morte no deserto até que uma nova geração
possa crescer para assumir a tarefa. O livro termina com a nova geração na
planície de Moab pronta para cruzar o rio Jordão” (WIKIPÉDIA)
“2. Considerações preliminares. Alguns
eruditos defendem que o livro de Números poderia ser chamado de “peregrinação
no deserto”, “livro das caminhadas”, “livro das murmurações”, “o livro do
deserto”, dentre outros, por narra a caminhada que Israel fez, sob a liderança
de Moisés (que o escreveu), por volta do ano 1440 a 1400 a.C., segundo a
maioria dos estudiosos. A palavra “deserto” aparece em Números quase 50 vezes,
— a maior frequência nos escritos bíblicos. Bíblia declara
expressamente que a narrativa de Números traz lições objetivas para nós que
vivemos “nos fins dos séculos”, conforme 1 Coríntios 10.11. Assim, o jovem
cristão, no dia a dia, quando se deparar com um convite à prostituição,
idolatria, murmuração, rebelião, deve rapidamente se lembrar — como recomenda a
Palavra profética — de uma geração que morreu “no deserto”, porque cedeu às
inclinações carnais e aos apelos mundanos. O Senhor Deus, séculos depois, de
maneira poética, usou Oseias para descrever, com precisão, o que aconteceu:
“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho. Mas, como
os chamavam, assim se iam da sua face […]. Todavia, eu ensinei a andar a
Efraim; tomei-os pelos seus braços, mas não conheceram que eu os curava.
Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor; e fui para eles como os que
tiram o jugo de sobre as suas queixadas; e lhes dei mantimento (Os 11.1-4)”. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Números ensina a
importância da santidade (tema desenvolvido em Levítico), fé e confiança; apesar
de gozarem da presença de Deus, aquela geração não aprendeu a depositar fé
suficiente em YHWH, por isso, a conquista da terra prometida fica para uma nova
geração levantada no deserto. A mensagem do Livro relembra aos crentes da
guerra espiritual na qual estão engajados, pois números é o livro do serviço e
caminhar do povo de Deus. O Livro de Números essencialmente preenche a lacuna
entre os israelitas recebendo a Lei (Êxodo e Levítico) e a sua preparação para
entrar na Terra Prometida (Deuteronômio e Josué). “A maioria dos
eventos do Livro de Números se realiza no deserto, principalmente entre o
segundo e quadragésimo ano da peregrinação dos israelitas. Os primeiros 25
capítulos do livro relatam as experiências da primeira geração de Israel no
deserto, enquanto que o resto do livro descreve as experiências da segunda
geração. O tema de obediência e rebelião seguidas de arrependimento e bênção
percorrem todo o livro, assim como todo o Antigo Testamento.” (TheGotQuestions?)
“3. Relevância contemporânea. O
livro de Números traz, de um lado, a dureza de coração de um povo composto por
ex-escravos escolhidos para se tornarem príncipes — os quais morreram no
deserto — e, de outro, a longanimidade e o amor de um Deus santo e justo que,
diariamente, alimentava, cuidava, instruía, protegia e guiava pessoas que,
mesmo assim, dia após dia, se tornavam ainda mais obstinadas, desobedientes,
rebeldes, incrédulas e ingratas. O livro narra também o surgimento de uma nova
geração, a partir do segundo censo, que seria introduzida em Canaã, sob o
comando de Josué. O livro de Números não é um dos mais comentados da
cristandade, porém possui inestimável valor histórico e espiritual ao trazer a
narrativa das minúcias da caminhada pelo deserto e, por isso, constitui-se em
um verdadeiro tratado a respeito do relacionamento entre Deus e o seu povo, de
onde se pode extrair um riquíssimo tesouro teológico para a atualidade!” [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Números traz uma
continuidade do tema da santidade de Deus iniciado em Levítico, revelando a
instrução e preparação de Deus do Seu povo para entrar na Terra Prometida de
Canaã. O Novo Testamento menciona muitas vezes o Livro de Números, o
que denota a sua importância. Paulo afirma em 1 Coríntios 10.1-12: “estas
coisas se tornaram exemplos para nós” se referindo ao pecado dos israelitas
e ao desagrado de Deus com eles como ensino para nós hoje. Também o apóstolo
escreve em Romanos 11.22 sobre a “bondade e a severidade de Deus”,
resumindo a mensagem de Números - a severidade de Deus é vista na morte da
geração rebelde no deserto, aqueles que nunca entraram na Terra Prometida; e a
bondade de Deus é realizada na nova geração. Deus protegeu, preservou e proveu
para essas pessoas até que finalmente possuíram a terra. Isso nos lembra da
justiça e do amor de Deus, que sempre estão em harmonia soberana.
II. AS EXPERIÊNCIAS
NO DESERTO
“1. Deserto, lugar de
caminhada. Um dos significados de deserto é “terra inabitada”;
mas a Bíblia diz que Deus estabeleceu a Terra para que fosse habitada (Is
45.18). Portanto, o deserto não é um lugar de moradia, mas de caminhada, lugar
de passagem, de transição. Deus mostrou aos hebreus que, ao conduzi-los até
Canaã, guiou-os por um grande e terrível deserto de serpentes ardentes,
escorpiões e terra seca, em que não havia água (Dt 8.15). O objetivo do Senhor
era humilhar e prová-los, para saber o que estava nos seus corações, e se
guardariam os mandamentos ou não (Dt 8.2), Deus queria, dessa forma, que a
caminhada do deserto nunca fosse esquecida pelos hebreus, pelo aprofundamento
do relacionamento com o Senhor”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Israel começa sua
viagem para a terra prometida no segundo ano, no segundo mês, ao dia vinte do
mês depois de sair do Egito que partiu (v. 11). Deus guiou o povo até o deserto
de Parã - o percurso escolhido pelo Senhor não foi o mais fácil, porém, com
certeza foi o melhor para os israelitas naquela ocasião, pois eles não estavam
preparados para enfrentar o inimigo. Logo depois o povo começou murmurar
novamente levantando a ira de YHWH, e o fogo dEle consumiu alguns deles,
mostrando que Deus não se agrada com murmuração. “A liderança é cara,
porque a culpa pela adversidade recai nos líderes. Essas pessoas sabiam que
Moisés era homem de Deus; por isso, o pecado também era contra Deus. Grandes
experiências com Deus não curam necessariamente o coração mau e queixoso. A
murmuração cessa apenas quando crucificamos o eu e entronizamos Cristo somente
(Ef 4.31,32). A única coisa que Moisés poderia fazer era clamar ao Senhor. Não
há dúvida de que teria fornecido água potável em resposta à fé paciente de
Israel, se tivessem permanecido firmes. O Senhor às vezes satisfaz nossos
caprichos em detrimento da fé. Aqui, as águas se tornaram doces, quando Moisés
lançou um lenho nelas, mas a fé de Israel continuou fraca. Desconhecemos método
natural que explica este milagre. Deus usou esta ocasião para ensinar uma lição
a Israel, dando-lhes estatutos e uma ordenação. Se as pessoas ouvissem a Deus e
obedecessem inteiramente à sua palavra, elas seriam curadas de todas as
enfermidades que Deus tinha posto sobre o Egito. Assim como Deus curou as águas
amargas de Mara, assim Ele curaria Israel satisfazendo-lhe as necessidades
físicas e, mais importante que tudo, curando o povo de sua natureza corrompida.
Deus queria tirar o espírito de murmuração do meio do povo e lhe dar uma fé
forte”” (Comentário Bíblico Beacon. vol 1.1. ed. Rio de Janeiro,
CPAD, 2005, p. 1 75).
“2. Deserto, lugar de
treinamento. A caminhada pelo deserto sacudiu as estruturas
morais e psicológicas dos hebreus, sendo que ali foi revelado o caráter deles,
desnudadas as intolerâncias, exposta a espiritualidade. Jesus, também, antes de
começar seu ministério, foi, pelo Espírito Santo, conduzido ao deserto para ser
experimentado. Ninguém está livre desse período de caminhada, no qual, à
proporção que a escassez se manifesta, Deus treina seu povo. Atribui-se a
William Shakespeare a seguinte frase: “Quando o mar está calmo, qualquer barco
navega bem”. Parafraseando: “Sem problemas e pressões, qualquer pessoa reage
com tranquilidade”, mas isso não traz nenhum mérito! As pessoas (como os
barcos) foram feitas para abrirem caminhos nos mares tempestuosos da
existência! Assim, se os indivíduos (como os barcos) nunca forem testados em
condições de estresse, nunca serão confiáveis, pois, em regra, as longas
travessias apresentam muitos perigos”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- “Como destacam as
notas da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “o Deserto de Sim era um ambiente
vasto e hostil, no qual só havia areia e pedra. Esse espaço estéril proveu o
lugar perfeito para Deus testar e formar o caráter do seu povo”, que era muito
instável, inclinado ao erro, com mentalidade ainda do tempo de escravos do
Egito e, não poucas vezes, se mostrando obstinados em seus erros [...] Enfim, o
povo de Israel não era fácil, mas Deus amava os descendentes de Abraão, Isaque
e Jacó, e queria tratá-los, burilá-los, prová-los, aperfeiçoá-los por meio das
provações no deserto para que pudessem ter forjado o caráter que Deus desejava
para ele como seu povo. Esse processo, por causa da dureza do coração do povo,
acabou durando muito tempo: quarenta anos. Foi Deus quem os guiou ao deserto.
Lembremo-nos de que o povo se dirigiu por esse caminho porque Deus, desde a
saída do povo do Egito, expressamente determinou que não seguissem “o caminho
dos filisteus”, que ficava ao norte (Ex 13.17). Isso significa que mesmo quando
seguimos o caminho que Deus estabelece para a nossa vida, enfrentamos
provações, mas para o nosso próprio bem, porque “todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por
seu decreto” (Rm 8.28); mas, por outro lado, também significa que Deus estará
conosco em todos os momentos difíceis, protegendo-nos e enviando-nos o maná
diário, isto é, suprindo cotidianamente as nossas necessidades. Diz o texto
bíblico que “comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que entraram
em terra habitada; comeram maná até que chegaram aos termos da terra de Canaã”
(Êx 16.35). Ou seja, enquanto houver deserto, não vai faltar maná! O maná só
pára quando adentrarmos a Terra Prometida”. (COELHO, Alexandre;
DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra
Prometida. Editora CPAD. pag. 60-62).
“3. Deserto, lugar de milagres. Está
escrito que Deus fez “prodígios e sinais na terra do Egito, no mar Vermelho e
no deserto, por quarenta anos” (At 7.36). No período de maior provação da
descendência de Abraão, o amigo de Deus, existiram abundantes milagres. Quando
ia faltar água, ou comida, sempre havia uma provisão extraordinária. As roupas
e os sapatos dos israelitas, milagrosamente, não se desgastavam, mesmo debaixo
de um sol causticante (Dt 8.4). O fato é que, ao longo de quase 40 anos de
caminhada no deserto, nenhum deles morreu de sede ou fome, ou ficou sem roupa
ou calçado. Disse Jesus: “Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje
existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de
pequena fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que
beberemos ou com que nos vestiremos?” (Mt 6.30,31)”. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- “Os israelitas
andaram três dias no deserto (a leste do mar Vermelho) e não acharam água (22).
A fé do povo precisava de mais provas. Uma grande vitória como a travessia do
mar Vermelho proporcionou uma visão maravilhosa da onipotência de DEUS; mas não
treinou a fé para os problemas cotidianos. A necessidade diária de comida e
bebida prova a fé do povo mais que os obstáculos maiores. Mas DEUS estava
treinando seu povo em todos os aspectos da vida, por isso os levou às águas
amargas de Mara (23; ver Mapa 3). Imagine a comovente decepção de pessoas
sedentas encontrando água e verificando que era impotável. Viajantes nesta
região do deserto de Sur (ou de Etã, Nm 33.8) confirmam que as fontes são
extremamente amargas, que o lugar é “destituído de árvores, água e, exceto no
começo de primavera, pastagens”” (Leo G. Cox. Comentário
Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 174-175).
III. CRISTO NO
DESERTO
“1. A pedra que os seguia. A
constatação mais confortante de toda a travessia de décadas pelo deserto é a de
que Cristo estava ali, com o hebreus, em todo o tempo. Jesus Cristo era a
“pedra espiritual que os seguia” (1Co 10.4). A expressão bíblica demonstra todo
cuidado e carinho de Deus por seu povo, A vida neste mundo, portanto, só
prossegue pela abundante graça e misericórdia divina, Pois. Deus conhece a
desobediência do seu povo, mas mesmo assim, continua a nos suportar, e nos
acompanhar, pacientemente, todos os dias. É por causa dEle — Cristo Jesus — que
não sucumbimos! “Glória, pois, a Ele, eternamente” (Rm 11.36)”. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Não foram as
rochas feridas por Moisés que seguia o povo; a rocha que os seguia era Cristo!
Em 1Co 10.4, Paulo fala do que está escrito em Êxodo 17.6: “Eis que eu
estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela
sairão águas e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos
anciãos de Israel”. Em Números 20.11: “Então Moisés levantou a sua mão,
e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a
congregação e os seus animais”. Paulo utiliza a passagem e afirma que ela
aponta em direção a Cristo, que é a água da vida (Jo 4.13-14). A pedra que
Moisés bateu por duas vezes, não era uma pedra comum, mas ela representava a
Cristo. Por isso que Moisés não deveria bater na pedra duas vezes, porque o
sacrifício de Cristo foi único e suficiente em prol da humanidade. A segunda
Pessoa da Trindade esteve a todo o momento participando da libertação dos
filhos de Israel da escravidão do Egito, bem como de toda a trajetória em que
os filhos de Israel passaram pelo deserto. De forma que, para suprir a sede do
povo de Deus o Emanuel se manifestou naquela rocha de Massá e Meribá, porque
ele é o Alfa e o ômega. O mesmo ontem e de hoje.
“2. O maná. Em
João 6.48-51, Jesus se identificou como o maná que alimentou os israelitas no
deserto pelo tempo da peregrinação. Interessante que, a princípio, eles aceitaram
aquela provisão diária de comida, entretanto, posteriormente, o povo não teve
mais vontade de comê-la. Então, começaram a chamar o maná de “pão tão vil” (Nm
21.5). Mesmo com todo esse desprezo, todas as manhãs, por quase 40 anos,
continuou “chovendo” comida da parte de Deus. Quanta humildade e bondade da
parte do Senhor! Não é, porventura, o que acontece cotidianamente nos dias
atuais? Muitas pessoas, inclusive cristãs, desprezam e ridicularizam a bendita
Palavra de Deus, preferindo os “pratos da culinária do velho Egito, cheios de
temperos que fazem mal”? Ainda assim, o Senhor, cheio de compaixão, continua
batendo à porta e dizendo: Eu quero cear com vocês (Ap 3.20)”. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- O maná era como
pequenos flocos que amanheciam todas as manhãs caídos ao chão do arraial dos
hebreus. Ele era “branco”, “como semente de coentro” e “o seu sabor era como
bolos de mel” (Ex 16.31). “Maná - A palavra ocorre pela primeira vez em Êxodo
16.31. Em outra passagem no AT, todas as versões inglesas traduzem
uniformemente a palavra heb. como ‘maná’, o que é meramente uma transliteração
aproximada; mas em Êxodo 16.15 o termo é traduzido como uma pergunta. ‘Que é
isto?’ Evidentemente quando os israelitas o viram pela primeira vez no chão, o
apelidaram de ‘O que é?’, ou de forma coloquial ‘Como se chama isto?’, o que
parece ser o significado literal com referência à qualidade misteriosa do pão
divino. O maná era pequeno, redondo e branco (Êx 1 6.1 4,31). Guardado para o
dia seguinte ele comumente ‘criava bichos e cheirava mal’ (Êx 16.20). Derretia
quando exposto ao sol quente. Deveria ser apanhado diariamente, pela manhã, um
ômer por pessoa. No sexto dia o povo deveria juntar o dobro, para prover para o
sábado, quando nenhum maná seria dado. Neste caso ele não criava bichos, nem
cheirava mal durante o sábado. Um pote de maná foi apanhado e mantido como
memorial desta miraculosa provisão do Senhor para os israelitas ao longo dos 40
anos no deserto (Êx 1 6.32-35). Mais tarde, um pote de ouro de maná foi
colocado dentro da arca no Tabernáculo (Hb 9.4)” (Dicionário
Bíblico Wycliffe. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.75).
“3. A serpente de bronze (Jo
3.14). Em João 3.14, Jesus declara que a serpente de bronze que
foi levantada, por Moisés, no deserto, era um tipo dEle. Esse objeto de metal
era a alternativa de cura para todos aqueles que fossem mordidos pelas
serpentes venenosas. A desobediência do povo suscitou aquele juízo divino. Isso
revela que o deserto é um lugar perigoso, mas se o caminhante estiver sempre
olhando para Cristo, não sofrerá dano irreversível, mortal, ainda que,
ocasionalmente, sofra algum revés”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Desobediência foi
o motivo das serpentes invadirem o acampamento israelita. Desesperados,
procuram Moisés e pedem que interceda a YHWH. Neste momento, Deus ordena Moisés
a confeccionar uma serpente de metal, que deveria ser colocada no alto de uma
haste. Todos os israelitas que foram envenenados não morreriam, caso olhassem
para a serpente esculpida. A serpente de metal chamada Neustã (pedaço de
bronze, em hebraico), era uma profecia de Jesus, que nos traz a salvação apenas
pelo fato de crermos. Nada do que fizermos poderá ser de alguma utilidade para
efeito de salvação. A salvação vem apenas pela fé em Jesus. Deus, por meio de
um ato que naquele momento ninguém viu o motivo, estava mostrando (e ao mesmo
tempo mantendo em segredo) seu plano eterno. “Os anos passaram e, nos dias do rei
Ezequias, a Bíblia nos relata que a serpente de bronze havia recebido um nome,
Neustã. Não está claro se foi o povo ou o rei Ezequias que deu o nome à
serpente, mas o fato é que a escultura havia se tornado um objeto de culto e o
povo já estava habituado a queimar incenso ao ídolo” (BUCKLAND;
Williams, 2011, p.421).
A título de
conhecimento, alguns afirmam que esta serpente de bronze é o mesmo símbolo da
medicina que os médicos ostentam em seus jalecos. Esta afirmativa é falsa. O
símbolo da medicina é o bordão ou bastão de Esculápio (Asclépio), antigo
símbolo relacionado com a astrologia e com a cura dos doentes através da
medicina.
CONCLUSÃO
“O livro de Números retrata, de
forma diversificada, os altos e baixos do relacionamento entre o povo de Israel
e o Criador, durante a caminhada pelo deserto. Revela também as constantes
advertências do Senhor a respeito da necessidade de santidade! Podemos perceber
que é perigoso viver fora do padrão do Senhor, e que é uma bênção ter um
coração alinhado ao dEle, como aconteceu com os crentes Josué e Calebe”. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- No Salmo 106
encontramos o relato dos tropeços de Israel a caminho de Canaã, e a sublime
história da infinita misericórdia de Deus para com eles. Deus é fiel! Israel
pecou e cometeu muitos erros, porém os planos do Senhor em relação a Israel e a
toda humanidade não foram frustrados. Como crentes devemos repudiar toda forma
de desobediência, entronizando a Deus como único Senhor em nossos corações e
mentes.
“Achando-se as
tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do
meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”.
(Jeremias 15.16),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Janeiro de 2019
HORA DA REVISÃO
1. O quarto
livro do Pentateuco é denominado, na Bíblia hebraica, por qual nome? De qual
capítulo e versículo retiraram o título?
“No deserto”. Números 1.4.
2. Cite outros
três nomes que poderiam ter sido dados ao livro de Números.
“Peregrinação no Deserto”, “Livro das
Caminhadas” e “Livro das Murmurações”.
3. Conforme a
lição, por que o deserto pode ser considerado um lugar de treinamento?
Porque a caminhada no deserto sacode
as estruturas morais e psicológicas do indivíduo, sendo que ali é revelado o
seu caráter, desnudadas as intolerâncias, e exposta a sua espiritualidade.
4. Cite três
tipos de Cristo que são apresentados escrituristicamente durante os 40 anos de
viagem de Israel pelo deserto, rumo à Canaã.
A pedra “que os seguia”, o maná e a
serpente de bronze.
5. Segundo a
lição, como sintetizar a importância do livro de Números para a
contemporaneidade?
Constitui-se em um verdadeiro tratado
sobre o relacionamento entre Deus e o seu povo, de onde se pode extrair um
riquíssimo tesouro teológico para a atualidade. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019].
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