LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
JOVENS
1º Trimestre de 2019
Título: Rumo à Terra
Prometida — A peregrinação do povo de Deus no deserto no livro de Números
Comentarista: Reynaldo
Odilo
Lição 7: Os perigos do
deserto
Data: 17 de fevereiro
de 2019
TEXTO DO DIA
“O nosso socorro está em o nome do
SENHOR, que fez o céu e a terra” (Sl 124.8).
SÍNTESE
Em algum momento da nossa trajetória
haverá desertos a serem transpostos; é preciso, ter muito cuidado para não
sucumbirmos ante aos perigos que surgem nesses dias difíceis.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Gn 16.7
Encontrada por Deus no deserto
TERÇA — Gn 36.24
Encontrando fontes termais no deserto
QUARTA — Êx 3.1
Apascentando o rebanho no deserto
QUINTA — Sl 95.8
Corações endurecidos no deserto
SEXTA — Sl 106.14
Corações cobiçosos no deserto
SÁBADO — Mt 4.1-11
Deserto, lugar de tentação
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
· DEMONSTRAR que
nos períodos de provações (desertos), habitualmente surgem críticas indevidas,
como aconteceu com Moisés;
· SABER que
como aconteceu com Jesus, no deserto a obediência de cada um é testada;
· RECONHECER que
há instantes, na vida de um servo de Deus, que ocorrerão perdas pessoais
irreparáveis, as quais podem contribuir para o surgimento da solidão.
INTERAÇÃO
Estimado(a) professor(a), a relação
professor-aluno precisa ser o mais amigável possível, de forma a desenvolver um
forte vínculo afetivo e de confiança com aqueles que Deus lhe confiou para
ensinar e orientar. O contato pessoal que acontece semanalmente, aos domingos,
não é suficiente para o estabelecimento de duradouros elos de amizade. Por isso,
procure ter contato com os alunos fora do horário da Escola Dominical. Se os
discentes confiarem em você, receberão de bom grado o seu ensino, seguirão suas
orientações e ouvirão seus conselhos. Por outro lado, a proximidade com eles
proporcionará a você um melhor conhecimento a respeito de suas vidas, e isso é
algo que todo professor de Escola Dominical deve buscar com afinco.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Distinto(a) professor(a), para a aula
de hoje convide, com antecedência, um membro de sua igreja que tenha passado
por uma grande dificuldade durante um longo tempo. Ele deve narrar parte dos
sofrimentos suportados, de forma sucinta, mencionando as críticas que sofreu,
as perdas materiais, a eventual solidão nesse período e os dramas emocionais
[se perdeu (ou quase) a paciência, o equilíbrio ou mesmo a fé]. O objetivo é
fazer uma conexão entre o testemunho e o tema da lição. Tenha cuidado com o
tempo destinado a essa atividade, para evitar que se prolongue em demasia. Ao
final, agradeça ao convidado pela presença e peça que ele ore pela turma.
Encerre a atividade explicando que na lição de hoje terão a oportunidade de
entender alguns aspectos da experiência de caminhar no deserto com Deus.
TEXTO BÍBLICO
Números 20.1-13.
1 — Chegando
os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zim, no mês primeiro, o
povo ficou em Cades; e Miriã morreu ali e ali foi sepultada.
2 — E
não havia água para a congregação; então, se congregaram contra Moisés e contra
Arão.
3 — E
o povo contendeu com Moisés, e falaram, dizendo: Antes tivéssemos expirado
quando expiraram nossos irmãos perante o SENHOR!
4 — E
por que trouxestes a congregação do SENHOR a este deserto, para que morramos
ali, nós e os nossos animais?
5 — E
por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? Lugar
não de semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem de água para
beber.
6 — Então,
Moisés e Arão se foram de diante da congregação, à porta da tenda da
congregação e se lançaram sobre o seu rosto; e a glória do SENHOR lhes
apareceu.
7 — E
o SENHOR falou a Moisés, dizendo:
8 — Toma
a vara e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha perante os
seus olhos, e dará a sua água; assim, lhes tirarás água da rocha e darás a
beber à congregação e aos seus animais.
9 — Então,
Moisés tomou a vara de diante do SENHOR, como lhe tinha ordenado.
10 — E
Moisés e Arão reuniram a congregação diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi
agora, rebeldes: porventura, tiraremos água desta rocha para vós?
11 — Então,
Moisés levantou a sua mão e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saíram
muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais.
12 — E
o SENHOR disse a Moisés e a Arão: Porquanto não me crestes a mim, para me
santificar diante dos filhos de Israel, por isso não metereis esta congregação
na terra que lhes tenho dado.
13 — Estas
são as águas de Meribá, porque os filhos de Israel contenderam com o SENHOR; e
o SENHOR se santificou neles.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Números
20 narra episódios que aconteceram no quadragésimo ano da viagem do povo de
Israel pelo deserto. Os fatos são sobremodo decisivos e menciona, por exemplo,
o falecimento de duas pessoas muito queridas de Moisés: seus irmãos Miriã e
Arão. Trata também da rejeição e repulsa de um povo coirmão: Edom, que impediu
Israel de passar por seu território.
O
longo período de caminhada naquele ambiente inóspito certamente propiciou a
Moisés muita experiência, tornando-o apto para entender a natureza humana como
poucos. Mesmo com todos os sinais miraculosos que aconteceram em seu
ministério, ele foi censurado por sua espiritualidade, moralidade e integridade
enquanto ser humano. Diante de tudo que ele enfrentou, ainda teve que lidar com
a dificuldade em achar amigos verdadeiros. Diante desse emaranhado de emoções,
ele, por um instante, fraquejou e perdeu a sua recompensa: entrar, juntamente
com o seu povo, em Canaã. O deserto, sem dúvida, é um lugar perigoso.
I. NO DESERTO SURGEM CRÍTICAS
1. Quanto à espiritualidade. Em Números 16.3, Moisés foi acusado por Corá,
Datã e Abirão de não possuir autoridade espiritual para conduzir o povo. Esse é
um dos perigos do deserto. A mesma coisa aconteceu com Jesus, ao ser tentado
por Satanás ao longo de 40 dias após seu batismo: o Inimigo colocou em questão
se, de fato, Jesus era o Filho de Deus (Mt 4.1-11).
Ora, Moisés, desde os primeiros
sinais no Egito, tinha apresentado autoridade espiritual. Mas, no deserto, até
ela foi contestada. A espiritualidade de cada cristão é testada fortemente no
período em que caminha no meio da escassez, por isso é necessário manter uma
constante comunhão com Deus. A comunhão é importante para que não venha
desfalecer. O segredo de Moisés é que ele conhecia os caminhos do Senhor (Sl
103.7).
2. Quanto à moralidade. Depois de tantos anos sendo cuidados por
Deus, os israelitas ainda conseguiam murmurar a respeito das decisões de Moisés
e com isso desestimulavam o povo a herdar a Terra Prometida, que manava leite e
mel. Eles questionavam a moralidade de Moisés, acusando-o de agir com
irresponsabilidade. Os hebreus não estavam com os olhos voltados para as coisas
espirituais, eternas, mas se fixavam apenas nas transitórias, materiais.
Era uma grande ingratidão. Nenhum
israelita morreu de fome ou de sede enquanto atravessava o deserto, nem suas
roupas envelheceram ou seus sapatos estragaram (Dt 29.5). Os que morreram e
foram sepultados no deserto foi por causa da desobediência. Deus, porém,
manteve sua fidelidade e sua palavra empenhada.
3. Quanto à sinceridade. Em Números 20.14-21 encontramos registrado o
pedido que Moisés fez aos edomitas, solicitando passagem. Mas eles não quiseram
sequer dialogar. Duvidaram da honestidade, da boa fé de Moisés e, por isso,
arregimentaram um grande exército para afugentar o povo. No deserto, a
desconfiança sobre o líder se propaga, inclusive para além dos limites do povo
de Deus; até os seus vizinhos desconfiavam das reais intenções de Moisés.
A honestidade, integridade,
sinceridade e pureza de propósitos de um líder cristão apresentam-se, sem
dúvida, como seu maior patrimônio. A índole de Moisés, nos 40 anos de
caminhada, deveria ser suficiente para que os edomitas confiassem nele,
entretanto, no deserto, as coisas acontecem sempre de maneira inesperada, pois
num ambiente cheio de perigos espirituais, morais e físicos, as pessoas, em
regra, desconfiam de tudo.
Pense!
Se o deserto é um lugar de tantos
perigos, por que Deus habitualmente conduz seus filhos por esse ambiente?
Ponto Importante
A experiência do deserto é
insubstituível para quem anda com o Senhor, o qual sempre se revela de um modo
especial nos momentos mais difíceis da vida.
II. NO DESERTO A OBEDIÊNCIA É TESTADA
1. Pode-se perder a paciência. Moisés era considerado o homem mais manso da
terra. Entretanto, no momento em que foi pressionado, sendo questionado sobre o
porquê de, 40 anos antes, ter trazido Israel do Egito para sofrer no deserto
(eles preferiam a morte), perdeu a paciência. Ao que tudo indica, o caminho do
deserto traz consigo o perigo da desobediência. E a desobediência acarreta
prejuízos para todas as áreas da nossa vida. A história de fé e obediência de
Moisés se desfez mediante um único ato de insubmissão e arrogância, por isso
todo cuidado é pouco.
2. Pode-se perder o equilíbrio. Moisés, em desobediência à Palavra do Senhor,
feriu a rocha por duas vezes (Nm 20.11). O Senhor, porém, tinha determinado que
Moisés falasse à rocha. A conduta imprudente dele, corroborada por Arão,
desagradou muitíssimo ao Senhor.
Os filhos de Deus estão sujeitos,
aqui ou acolá, a perder o equilíbrio emocional, como aconteceu com Moisés e
Arão, e praticarem algo errado, embora não aparente ser um “grande” pecado.
Esse triste episódio nos mostra que devemos vigiar para que não venhamos a transgredir
contra o Senhor, principalmente no exercício de uma atividade eclesiástica,
pois a presença de Deus exige de nós reverência, solenidade, santidade e um
profundo senso de adoração. Moisés sabia disso tudo e, mesmo assim cometeu o
desatino de desobedecer ao Senhor.
3. Pode-se perder a promessa. Não existe algo mais seguro na vida do que as
promessas do Altíssimo. Ocorre que a maioria delas é condicional; ou seja, para
a concretização carecem de que os beneficiários permaneçam obedientes a Deus
(Lv 26.3-12). Esse era o caso da promessa a respeito da entrada em Canaã. Se o
povo fosse rebelde, não entraria na boa terra. Moisés e Arão, porém, cometeram,
aparentemente, um ato de pouca rebeldia, mas não para Deus. Por isso, ambos os
irmãos perderam a promessa. Tal fato demonstra a existência de algumas
situações que, às vezes, julgamos não terem muita importância, mas, na verdade,
para Deus, são extremamente relevantes. Moisés perdeu a promessa só porque
desobedeceu a Deus e feriu a rocha? Não! Foi muito mais. Ele usurpou, com o
auxílio do sumo sacerdote Arão, o lugar da adoração, atraindo para si a glória
quanto ao milagre, a qua deve ser dada exclusivamente a Deus, “porque dele, por
ele e para ele são todas as coisas”.
Pense!
Por que Deus puniu Moisés e Arão pelo
incidente em Meri-bá, mas nada fez contra os que murmuravam?
Ponto Importante
A conduta de quem recebe autoridade
espiritual de Deus deve ser cuidadosa, pois “a quem muito foi dado, muito será
exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” (Lc 12.48 — NVI).
III. NO DESERTO CHEGA A SOLIDÃO
1. A morte de Miriã. A morte de Miriã (Nm 20.1) foi uma grande
perda para Moisés, pois ele perdia uma das colunas de sustentação do seu
ministério. Alguém já afirmou que “todo líder é um solitário”.
No deserto, todavia, essa realidade é
potencializada, como aconteceu com Moisés. A ausência de sua irmã, certamente,
aumentou essa solidão. Miriã contribuiu para que o plano de Joquebede para
salvar Moisés desse certo; ela profetizou e liderou o grupo de louvor que
adorou a Deus após a travessia do mar Vermelho (Êx 15.20,21). É verdade que
Miriã, em dado momento da história, por castigo de Deus, ficou leprosa por
murmurar contra seu irmão caçula (Nm 12.16). Entretanto isso, não retirou o
amor que Moisés nutria por ela. A morte de um ente querido é sempre difícil de
ser superada.
2. A morte de Arão. Naquele mesmo ano, depois da morte de Miriã e
da rejeição de Deus quanto a Moisés entrar em Canaã, mais um fato ruim surgiu:
morreu o irmão e companheiro de Moisés, o sumo sacerdote de Israel há 40 anos:
Arão.
Arão foi usado por Deus como
porta-voz de Moisés diante de Faraó (Êx 7.1,2). Ele sustentou os braços de
Moisés na guerra (Êx 17.12); viu a glória de Deus (Êx 24.1-10) e foi eleito por
Deus como o patriarca de toda a linhagem sacerdotal (Êx 28). Seu pecado em
Meribá antecipou sua morte, por isso, foi impedido de entrar na Terra Prometida
(Nm 20.12). Depois de ser despido das vestes sacerdotais, o Senhor o recolheu,
nos mostrando que todo ministério terreno é transitório. O povo pranteou por
Arão durante um mês.
3. Moisés, um líder com poucos
amigos. A Bíblia não registra o fato de
que Moisés tivesse amigos. A pessoa que lhe era mais chegada, Josué, é citada
como seu “servidor”. Moisés passou dois terços de sua vida no deserto, quer
cuidando das ovelhas de Jetro, seu sogro, quer tentando conduzir os israelitas
até o lugar dos seus sonhos, o que lhe possibilitou evitar as distrações
naturais da vida, fazendo acender a necessidade de uma maior intimidade com
Deus.
Talvez o Senhor tenha requerido esse
isolamento para Moisés, a fim de que ele pudesse cultivar uma maior comunhão
com Ele. Mas, certamente Moisés não se sentia solitário, pois ele podia contar
com a presença do próprio Todo-Poderoso.
Pense!
Será que todo “líder cristão é um
solitário”?
Ponto Importante
O líder que procura agradar a Deus
sempre sofrerá oposição e terá de experimentar a solidão.
CONCLUSÃO
Como pode tanta coisa ruim acontecer
ao mesmo tempo? Moisés poderia ter feito esse questionamento. Em Números 20,
algumas das maiores tragédias aconteceram com Moisés: morrem Miriã e Arão, seus
irmãos; os vizinhos edomitas (descendentes de Esaú) demonstram aversão para com
os hebreus e, por fim, Moisés é reprovado por Deus, o qual não lhe permite
entrar na Terra Prometida. Os perigos do deserto são muitos. É preciso
vigilância.
ESTANTE DO PROFESSOR
Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2015.
HORA DA REVISÃO
1. Segundo
a lição, qual o povo que não acreditava na sinceridade de Moisés e por isso lhe
negou um pedido?
Edom.
2. Qual
referência bíblica menciona o pecado de Moisés e Arão, que os impediu de entrar
em Canaã?
Números 20.10-12.
3. A
rocha ferida por Moisés representa quem?
Cristo Jesus.
4. Quais
os nomes dos irmãos de Moisés que faleceram no mesmo ano? Onde encontrar
refúgio diante da perda de um ente querido?
Miriã e Arão. Encontramos refúgio em Jesus Cristo.
5. O
que você tem a dizer a respeito da afirmação: “Todo líder cristão genuíno é uma
pessoa solitária”?
Resposta pessoal.
SUBSÍDIO
“Depois de trinta e nove anos de
tediosas peregrinações, ou melhor, tediosos descansos, no deserto,
aproximando-se e afastando-se do Mar Vermelho, os exércitos de Israel agora,
por fim, se voltaram outra vez para Canaã, e não tinham chegado muito longe do lugar
onde estavam quando, pela justa sentença da justiça divina, foram forçados a
dar início às suas peregrinações. Até aqui, eles tinham sido conduzidos por uma
espécie de labirinto, enquanto se fazia a execução dos rebeldes que eram
condenados. Mas agora foram trazidos ao caminho correto outra vez: eles ficaram
em Cades (v.1), não Cades-Barneia, que estava perto das fronteiras de Canaã,
mas outra Cades, nas fronteiras de Edom, mais afastada da Terra da Promessa,
mas a caminho dela, a partir do Mar Vermelho, ao qual tinham sido forçados a
voltar.
O capítulo teve início com o funeral
de Miriã e termina com o funeral de seu irmão, Arão. Quando a morte se abate
sobre uma família, em alguns casos ela ataca em dobro. […] Moisés, cujas mãos
tinham antes vestido Arão com suas vestes sacerdotais, agora o despe delas. […]
Nós veremos poucos motivos para nos orgulhar das nossas roupas, dos nossos
ornamentos, ou sinais de honra, se considerarmos quão cedo a morte nos despirá
de toda nossa glória” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo
Testamento. 1ª Edição. Volume 1. RJ: CPAD, 2010, pp.512,515).
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