DESENVOLVENDO UMA MENTE CRISTÃ



Para vivermos numa sociedade não cristã é necessário nos munirmos de uma mente cristã.  Podemos definir “mente cristã” como uma mente que captou as pressuposições básicas da Escritura e está completamente informada da verdade bíblica.  Por conseguinte, é a mente que consegue pensar com integridade cristã sobre os problemas do mundo contemporâneo.
           
Em Romanos 12 o apóstolo Paulo usa a expressão “a renovação da vossa mente”.  Ele acabara de dirigir seu famoso apelo aos leitores romanos, rogando-lhes que, em gratidão pelas misericórdias de Deus, apresentassem seu corpo como “sacrifício vivo” e como “culto racional”.  Prossegue então explicando como é que o povo de Deus pode servi-lo neste mundo, mostrado as duas alternativas que temos:

1ª.) Podemos nos “conformar” ou “adaptar” a este mundo ou época, com seus padrões (ou falta destes), seus valores (geralmente materialistas) e seus alvos (egocêntricos e pagãos).  Esta é a alternativa mais simples, pois não é fácil resistir à cultura dominante, assim como não é fácil resistir à ventania.
           
2ª.)  Esta é a alternativa à qual nos exorta a Palavra: a não nos conformarmos com este mundo, mas “transformar-nos” pela renovação da mente a fim de discernirmos a boa e perfeita vontade de Deus.  A mente renovada que o cristão deve ter, produz um efeito radical, já que capacita seu detentor a discernir e aprovar a vontade de Deus, transformando assim sua conduta.

            Se quisermos viver corretamente temos que pensar corretamente!  Se quisermos pensar com integridade precisamos ter uma mente renovada, pois uma vez renovada, nossos interesses já não seguirão as propostas do mundo, mas a vontade de Deus, que nos transforma.
            Esta mente renovada começa a ser formada com a conversão.  Há um claro contraste. Nossa antiga perspectiva nos levava a nos conformar à multidão; nossa nova visão nos induz a uma não-conformidade moral, em virtude da vontade de Deus.  A palavra grega “metanóia”, que é traduzida como “arrependimento” significa literalmente “mudança de mente”!

A MENTE DE CRISTO:
            Paulo escreve não apenas sobre uma “mente renovada”, mas também sobre “a mente de Cristo”.  Ele exorta os filipenses:  “Tende em vós o mesmo sentimento (ou a mesma mente) que houve também em Cristo Jesus.” (Fp 2:5).  Isto é:  à proporção que estudamos os ensinamentos e o exemplo de Jesus e submetemos a mente conscientemente ao domínio de sua autoridade (Mt 11:29), começamos a pensar como Ele.  A mente de Cristo é gradativamente formada dentro de nós pelo Espírito Santo, que é o Espírito de Cristo.  Passamos a ver as coisas através da sua perspectiva, e nossa visão se faz semelhante à dele.  Nosso alvo deve ser o de poder dizer:  “temos a mente de Cristo” (I Co 2:16).
           
            Stott divide a história bíblica em quatro temas principais, os quais devem ser conhecidos pelos cristãos para capacitá-los a terem a verdadeira perspectiva de Deus realizando seu propósito.  Conhecer estas quatro realidades permite ao cristão entender como se encaixam todas as coisas; uma forma de integrar à nossa compreensão a possibilidade de pensarmos com clareza até mesmo sobre as questões mais complexas. Eis aqui, portanto, os quatro eventos que correspondem a quatro realidades:  primeiro, Criação; segundo, a Queda; terceiro, a Redenção; e quarto, a Consumação.
            Estes quatro eventos ou épocas, especialmente relacionados entre si, nos ensinam grandes verdades acerca de Deus, do homem e da sociedade, verdades essas que direcionam nosso pensamento cristão.

            Viver como servos de Deus num mundo como o de hoje é, sem dúvida, um grande desafio face a complexidade dos problemas da ética pessoal e social que nos confrontam.  Soluções prontinhas, servidas de bandeja, são geralmente impossíveis de se conseguir.  Atalhos simplistas, que ignorem as questões reais são inúteis.  Ao mesmo tempo, ceder ao desespero não é uma atitude cristã.  Para nosso encorajamento, devemos lembrar que Deus nos concedeu quatro dádivas:

1º.  Ele nos deu uma mente com que pensar.  Fez-nos criaturas inteligentes e racionais.  Ele ainda nos proíbe de nos comportarmos como cavalos e mulas que não têm entendimento, e nos admoesta a que, no juízo, não sejamos meninos, mas adultos. (leia Sl 32:9 e 1Co 14:20);

2º.   Ele nos deu a Bíblia que testifica de Cristo, a fim de orientar e controlar nossa forma de pensar.  À medida que absorvemos seus ensinos nossos pensamentos vão pouco a pouco se conformando aos dele;

3º.  Ele nos deu o Espírito Santo, o Espírito da verdade, que nos abre as Escrituras e nos ilumina a mente, a fim de compreendê-las e aplicá-las.

4º.  Ele nos deu a comunidade cristã como contexto no qual podemos desenvolver nosso raciocínio.  Sua heterogeneidade é a melhor salvaguarda contra qualquer coisa que tente nos ofuscar, pois na Igreja há gente de ambos os sexos e de todas as idades, temperamentos, experiências e culturas.

            Com estas quatro dádivas, especialmente se as relacionarmos entre si - mente, livro-texto, mestre e escola - poderemos desenvolver uma mente cada vez mais cristã e aprender a ser mais racionais na nossa maneira de pensar.

 Bibliografia
            STOTT, John R. W.  O Cristão em Uma Sociedade Não Cristã.  Ed. Vinde.  p. 51.

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